O que é a ‘síndrome do simpático profissional’ e como estabelecer limites sem parecer antissocial

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O que é a ‘síndrome do simpático profissional’ e como estabelecer limites sem parecer antissocial

Wanderley Cintra Jr., psicólogo especializado em comportamento no trabalho, explica como o esforço contínuo para agradar pode se transformar em esgotamento emocional e dá dicas para estabelecer limites sem culpa

 

São Paulo, julho de 2025 – Ser educado, colaborativo e gentil são qualidades valorizadas no ambiente profissional. Mas quando a simpatia deixa de ser espontânea e se transforma em um papel forçado, surge um desgaste silencioso: a síndrome do simpático profissional. É aquele comportamento de estar sempre sorrindo e dizendo “sim” para tudo mesmo quando o desejo é o oposto.

“Há profissionais que vivem com medo de desagradar. Querem ser vistos como ‘fáceis de lidar’ e, por isso, suprimem opiniões, emoções e necessidades. Mas essa simpatia performática gera um custo interno muito alto”, afirma Wanderley Cintra Jr., psicólogo especializado em comportamento no trabalho.

Segundo ele, o resultado costuma vir em forma de cansaço crônico, queda de produtividade, irritabilidade, crises de ansiedade e até afastamento da própria essência. “É como se a pessoa estivesse o tempo todo representando um personagem agradável, até esquecer quem é de verdade”.

“Gente boa” o tempo todo

A busca constante por aprovação e aceitação leva muitos profissionais a evitar confrontos a qualquer custo. “Isso pode parecer bom a curto prazo, mas a longo prazo cria relações desequilibradas, onde um lado cede sempre e o outro se acostuma com isso”, explica Cintra. Em cargos de liderança, essa postura pode prejudicar a autoridade e dificultar tomadas de decisão impopulares. Já em cargos operacionais, pode levar à sobrecarga e ao silenciamento de ideias importantes.

Simpático, mas exausto

Cintra alerta que a necessidade de ser sempre bem-visto nasce de inseguranças profundas ou de ambientes de trabalho onde o conflito é demonizado. “O problema é que o excesso de esforço para manter o bom clima pode gerar justamente o contrário: burnout, relações superficiais e falta de autenticidade na equipe”, diz.

Gentileza não é submissão

“Saber a hora certa de ser cordial e a de se posicionar é essencial”, explica Cintra. Gentileza não é sinônimo de subserviência. Profissionais maduros entendem que ser educado não significa renunciar à própria opinião ou da própria saúde mental.

Como estabelecer limites

Cintra defende que é possível ser respeitoso e assertivo ao mesmo tempo. “Dizer ‘não’ com empatia é uma das habilidades mais importantes no mundo corporativo de hoje. Frases como ‘preciso pensar antes de assumir mais essa tarefa’ ou ‘posso ser honesto sobre como estou me sentindo?’ ajudam a criar um diálogo verdadeiro, sem agressividade.”

O psicólogo sugere ainda outras formas de comunicação que permitem preservar o relacionamento profissional sem abrir mão dos próprios limites. Expressões como “no momento, minha agenda está comprometida, mas posso ajudar em outra ocasião”, ou “entendo a urgência, mas preciso de mais informações para avaliar se consigo contribuir”, são alternativas que demonstram boa vontade, sem submissão. Além disso, Cintra recomenda evitar justificativas excessivas. “O excesso de explicação é comum em quem tem dificuldade de se impor. Muitas vezes, um ‘não posso agora’ dito com tranquilidade é suficiente. A firmeza gentil transmite segurança e respeito”.

Autenticidade como valor profissional

Por fim, Cintra reforça que profissionais autênticos, que sabem equilibrar gentileza e posicionamento, constroem relações mais saudáveis e sustentáveis. “Ser simpático não pode significar ser invisível. Às vezes, o maior ato de gentileza é ser honesto”, finaliza.

Sobre Wanderley Cintra Jr.

Wanderley Cintra Jr. é psicólogo graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina e especializado em comportamento no ambiente de trabalho. Cintra possui mais de 20 anos de experiência em treinamento e desenvolvimento de pessoas, acumulando mais de 55 mil horas de treinamentos ministrados.

Já deu entrevistas para O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, UOL, Exame.com, O Globo, Valor Econômico, Você S/A, SBT, Você RH, dentre outros grandes veículos. Tem propriedade para falar de saúde mental, burnout, empreendedorismo, semana de trabalho com quatro dias, liderança, inteligência emocional, carreira, ambiente corporativo, dentre outros temas.

Para mais informações, acesse: https://www.wanderleycintra.com.br/

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