O bom é inimigo do ótimo

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“Não exagere nas análises. Chegou numa encruzilhada, escolha a direção e vire”

 

Nesta semana que passou tive três encontros com ex-alunos meus de MBA. Coincidentemente recebi três convites para um café na mesma semana e a agenda me permitiu aceitar os três. Sempre gosto de reencontrar ex-alunos e saber sobre suas carreiras e desafios. Além de um bom papo, estas conversas me “alimentam” de informações sobre o mercado e as angústias que perseguem as pessoas nas diferentes fases da carreira. Nestes casos, se eu tivesse gravado as três conversas, você se assustaria com o resultado. Todas absolutamente iguais, em forma e conteúdo. Em cada caso, um profissional entre 30 e 40 anos, com boa formação acadêmica, um MBA no currículo, um bom cargo e um bom salário. Porém todos com as mesmas queixas. – Estou desmotivado e sem perspectivas na empresa. – Acho que o meu ciclo se encerrou nesta empresa e preciso de novos desafios. – Preciso dar um rumo mais sólido para a minha carreira, mas não sei por onde começar. 

Conversando com um amigo após estes encontros, fiz até uma analogia com a chamada crise que (diz a lenda) as mulheres vivem aos 30 anos, onde precisam decidir coisas rapidamente (casamento, filhos etc) porque parece que o tempo vai se esgotar. Sabe aquela pressão psicológica em relação a tempo que nos rouba horas sagradas de sono? Sei lá, a analogia pode não ser das melhores, até porque não podemos nunca generalizar nada, mas parece que homens e mulheres, de uma maneira geral, se cobram muito em algumas idades em relação a pontos muito específicos ligados à vida ou à carreira.

Nestes casos citados, o que mais me chamou a atenção (e me incomodou) foi uma preocupação excessiva com a questão de “por onde começar?”. Em um deles, a pessoa tem plena consciência de que precisa turbinar o inglês para poder concorrer a posições mais ousadas. E a dúvida é se passa um período fora do Brasil só estudando inglês ou se investe e mum curso aqui mesmo, em regime de urgência. Em outro caso, a dúvida cruel era se espera uma oportunidade de promoção na empresa atual (já sinalizada pelo chefe, mas que não acontece de fato) ou se começa já a se mexer. Já em outro, a dúvida é se faz outro investimento na formação (outro MBA) ou se começa um Coach de carreira.

São dúvidas bem pertinentes. Todas elas. Porém, vi em todos um certo sofrimento excessivo em relação a cada decisão. Como se estivessem parados em uma encruzilhada há um bom tempo, sem decidirem para que lado virar. Não tardei a perguntar (a todos) durante quanto tempo estas questão estão os martirizando. A resposta é assustadora. Muito tempo. Meses.

Decidir nem sempre é fácil. Confesso que já passei por tantas noites mal dormidas em função de decisões que tinha que tomar e que me sentia travado, que perdi a conta. Mas de um (bom) tempo pra cá concluí que não há equação no mundo que consiga prever resultados de decisões. Tudo tem o seu risco. Tudo tem o seu ônus e o seu bônus. Mas uma coisa eu concluí e venho defendendo com muita ênfase nas minhas aulas e conversas com quem pede a minha opinião: O preço de não decidir é sempre o mais alto de todos. O muro é o pior lugar para estar. A velocidade com que as coisas acontecem no mundo atual tem penalizado muito quem fica querendo checar tudo antes de decidir, como se quanto mais tempo levar para decidir, melhor será a decisão e menor será o risco. Pura ilusão.

No final das minhas três conversas com meus ex-alunos, disse a todos a mesma coisa: – O fato de você estar incomodado já é louvável. O incômodo com o status atual é o primeiro passo para grandes mudanças. Mas pare de pensar demais e comece a agir. Escolha, decida e não olhe para trás. Se der certo, comemore. Se der errado, chore, contabilize o prejuízo e decida de novo, rapidamente.

Este é o meu recado desta semana. Quantas decisões você não está empurrando com barriga, na esperança de que uma luz vai surgir e te mostrar o melhor caminho? Não vai. Esta decisão é sua. Não se esquive e nem terceirize. E, acima de tudo, não postergue demais. A vida e a carreira precisam ser vividas com intensidade e determinação. Até o próximo!

 

Prof. Marcelo Veras
VERAS

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